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DO CIRCO
AS RAIZES
Arthur Roman
Senhoras e senhores, sentem-se em seus lugares. Vamos embarcar em uma jornada pela história do circo. Preparem-se, o espetáculo vai começar!
Tão antiga é a tradição circense que fica impossível saber quando exatamente começou. Da China ao antigo Egito, a arte de entreter multidões remonta às raízes dos grupamentos humanos.
Porém, o circo como o conhecemos não é tão velho assim. Antigamente os artistas, das mais diferentes habilidades, se apresentavam em eventos organizados pelas autoridades dos Estados, como forma de alegrar a população. Mas sem a estrutura de picadeiro.
Um exemplo disso é o Circus Maximus, arena de espetáculos construída por Tarquínio, o Antigo, em torno do século VI a.c. em Roma.
Um lugar imenso, palco das mais diferentes atrações, que eram organizadas pelas elites locais da época. O lugar foi consumido pelas chamas de grandes incêndios, um em 30 a.C. e outro em 64 d.C. Por fim, acabou sendo destruído pelo tempo e hoje restam apenas ruinas. A arte e a história queimaram mais uma vez.
A estrutura que conhecemos hoje surgiu apenas no século XVIII, na Inglaterra gregoriana, com o suboficial inglês e perito cavaleiro, Philip Astley. Em 1976, ele reuniu os mais diferentes artistas, de saltadores a palhaços, na mesma apresentação. Criou um picadeiro com arquibancada e abriu espaço para espetáculos equestres. O resultado: sucesso total.
Com o passar do tempo, famílias que viviam de sua arte, conhecidos como saltimbancos, começaram a se organizar em pequenos grupos de apresentações. Nesse sentido é profunda a relação dos povos ciganos com o circo. Os Roma (designação em plural do povo Rom) detêm em sua cultura a essência mística e itinerante da vida circense.
Com as perseguições que sofreram na Europa, muitas famílias ciganas vieram para as Américas, adentrando o continente pelo litoral e subindo os rios até as grandes cidades. Assim, no século XVIII, surgiram os primeiros circos no Brasil.
Até hoje eles nos encantam com sua arte e com a coragem de seus membros, que fazem as mais diferentes coisas para alegrar aqueles que decidem entrar em suas tendas.

















Memória
Afetiva
Ouça as histórias de quem já se emocionou com um picadeiro
Memória
Afetiva
Ouça as histórias de quem já se emocionou com um picadeiro

Os artistas ficam nervosos antes da apresentação? Existe algum ritual de preparação individual? Entrevistamos os integrantes do Circo di Napoli para descobrir o que acontece antes das cortinas se abrirem. Conheça os bastidores do circo e como eles se preparam.


BASTIDORES


Como surgiram as leis de proteção aos animais? como foi a mudança para o público e para os circos? Entenda essas questões em nosso podcast.

ANIMAIS NO
CIRCO

o picadeiro e a vida de

CLAUDIO CARNEIRO
Barbara Caetano
Senhoras e senhores, diretamente das ilhas do Caribe para a telinha do seu computador, ele, o palhaço de ‘Ne Me quitte Pas’, do espetáculo Varekai do Cirque du Soleil, Cláudio Carneiro !
Ao som de Jacques Brel ele entra no palco, de terno azul o cabelo minuciosamente arrumado, a cena cômica em busca do holofote se confunde com a vida de Cláudio. Sempre correndo em busca dos sonhos, ainda em 1999, Carneiro fazia seus números pelos bares da Vila Madalena e foi chamado para audição com o Cirque du Soleil, passou na audição, claro que passou mas a vida imita o filme, no filme - e na música de Jacques Brel, uma pitada de drama é excencial.
Demorou pouco mais de um ano para ser chamado pelo circo mais famoso do mundo e apresentar esse número ao público. O drama foi parceiro em sua vida e a frase título da música, Ne me quitte pas- Não me abandone, em tradução livre, fez muito sentido quando ele largou a carreira no Brasil, no grupo Doutores da Alegria, para morar com uma namorada francesa, em Paris. A moça não chegou a aparecer no aeroporto, a Cidade Luz foi sombra e nosso palhaço chorou.

Quatro meses sozinho na França. Esse foi o tempo necessário para Carneiro passar por alguns perrengues. Os Francos chegaram ao fim - na época a França não utilizava o Euro como moeda- e Cláudio queria encontrar uma nova paixão, se viu obrigado a burlar os guardas de colete verde do metrô parisiense e pular a catraca para chegar a tempo, e sem suar, ao encontro.
Quatro, esses também foram os meses necessários para que recebesse a tão esperada ligação do Cirque du Soleil. Conseguiu ficar sob os holofotes do grande circo. Seu primeiro show solo foi exatamente este, ‘Ne Me Quitte Pas’.
A vida circense é uma coisa louca. Com o término do contrato com o Cirque du Soleil, Carneiro foi convidado pelo ex-diretor do circo, Franco Dragone, para participar de um espetáculo. Voltou para o Brasil com um espetáculo solo, fez alguns outros shows com o Cirque du Soleil e amigos.

O palhaço que não usa nariz nem enormes sapatos típicos encontrou o amor e não foi na cidade luz, o circo foi palco desse romance, nosso Jacques Brel se casou com a atual “rigger” -técnica de segurança em altura- do Cirque du Soleil, Tum Aguiar, que também é trapezista.
Sempre viajando, em busca dos sonhos, hoje com mais um membro na família, o pequeno Paco, Claudio tem novos planos - secretos por sinal- com o Cirque du Soleil. Aguarde números cômicos que arranque riso e alegria do público, mesmo de maneira leve.
Fazendo graça no palco, claudio conquista um público refinado. Jim Carry é um dos que já passaram no backstage para prestigiá-lo. O vocalista do The Rolling Stones também costuma passar na cozinha para tomar umas cervejas e bater um papo sobre o espetáculo. A comédia agrada e transporta todos para um mundo de felicidade.


COMO AS CRIANCAS
VEEM O CIRCO
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Antigamente, quando o circo chegava na cidade, todas as crianças e adultos corriam para assistir aos espetáculos. Será que no dia de hoje também as pessoas ainda têm essa expectativa?


Uma experiência no circo

Arthur Roman
Em meio ao caos urbano uma enorme estrutura colorida e iluminada se ergue no estacionamento de um supermercado local. Chegou um circo na região! Decido ir.
Já dentro da área de espera para a apresentação, algumas opções de brinquedos e alimentos. Algumas mesas e poltronas para as pessoas se acomodarem e esperarem a liberação para a entrada no espaço principal. Tudo isso ao som do milho estralando e o cheiro de pipoca no ar. Passam-se alguns minutos e o momento tão esperado chega: as tendas se abrem, dando acesso à arquibancada e ao picadeiro. Lá dentro, magia!
Poucas coisas me marcam tanto quanto o som do acordeão, principalmente na música circense, tamanha a sensibilidade das notas ao serem sopradas do instrumento. E assim, acompanhado pela cativante música ambiente, me sento entre as dezenas de cadeiras disponíveis no espaço.
Envolvido pela alta lona que forma a estrutura, a aura do lugar toma conta e após um certo tempo, as luzes se apagam... Começa o espetáculo!
Palhaços, malabaristas, equilibristas, mágicos e acrobatas. Salta aos olhos tamanha exibição de habilidade. É impressionante como o corpo humano, após lapidado por longo tempo de treinamento, é capaz de realizar feitos incríveis. O show faz mergulhar dentro das artes do circo, encantando e divertindo aqueles que tiveram a vontade de adentrar aquelas tendas.
Apesar de tudo, um pouco da realidade sórdida também se mostra aos olhos mais atentos. Materiais antigos, pouca infraestrutura e um número limitado de funcionários acabam dificultando a ação do circo. Ainda assim, a apresentação consegue trazer à tona a alegria da tradição circense e a essência mais pura de tal arte.
Saio de lá extasiado. Após assistir artistas apresentando suas personas cênicas com tamanha maestria e encantamento, não há como sair de outra forma. Volto para minha casa, meu refúgio, e guardo na memória os bons momentos que experenciei dentro daquele lugar. Já o circo, bom, ele não tem casa... O circo mora em todos os lugares!


o circo está no sangue
Athos e Marlon são pai e filho e trabalham juntos como palhaços. Eles nos contam quais são as dificuldades que as famílias circenses enfrentam, mostrando como o amor pela arte passa de geração em geração. Confira mais no documentário a seguir!


nariz de
palhaço
O palhaço é, sem dúvidas, a figura principal do circo que conhecemos hoje. Porém, seu surgimento é incerto e rodeado de mitos. Para entender um pouco melhor sobre o nascimento do personagem, conversamos com Walter de Sousa Jr, doutor e mestre em Ciências da Comunicação pela ECA-USP e historiador sobre o circo, e com Marcos Nascimento, professor e artista de Clown.


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Crianças circenses são obrigadas a estar inseridas na educação, apesar de viverem uma vida sobre rodas.
Conheça algumas histórias
Tayla Sanchez
“Ele não gosta de ir para a escola, mas tem que ir né, filho?” diz Juliana Cipullo, mãe de Gustavo, de cinco anos. O menino já tem em mente o que quer fazer pelo resto da vida: ser um grande artista circense assim como o pai e o avô.
As três gerações da família fazem parte do Circo Di Napoli e levam uma vida itinerante desde muito novos. Os circenses nunca sabem para qual cidade vão ou em qual escola as crianças vão estudar. As mudanças podem ocorrer por bimestres, semestres ou até no final do ano letivo.
Gustavo é parte da sexta geração da família. O pai, Marlon Pires, que chegou a completar o ensino médio, também enfrentou dificuldades na associação dos estudos com a vida itinerante. “Todas aquelas sensações que as crianças têm nos primeiros dias de aula, como nervosismo e frio na barriga, eu tive a vida inteira”, diz ao lembrar das trocas frequentes de escolas. Para ele, uma das maiores dificuldades era a probabilidade de perder o ano por estar atrasado em matérias ou pela diferença no calendário letivo.

Muitas vezes, ele não chegava a completar um mês em uma mesma escola, e o circo precisava mudar de cidade. Tudo novo outra vez. Se despedir dos amigos antigos e fazer outros novos fez com que esse período na vida de Marlon fosse, muitas vezes, solitário. “Uma hora a gente acostuma a se despedir, tanto que quando eu mudava de escola eu já não me importava de fazer amizades porque sabia que elas tinham um prazo de validade, até mudarmos de novo”, admite.
Mas nem todas as coisas são ruins. Na vida de andarilho pelo país, ele sempre esteve acompanhado pela trupe de artistas brasileiros, romenos, colombianos, argentinos, equatorianos e uruguaios. As crianças do circo viraram companheiros de brincadeiras e os pais dos amigos, uma grande família.
Athos Miranda, pai de Marlon e avô de Gustavo, é o palhaço mais antigo em atuação no Brasil: está atuando há mais de quatro décadas. Ele conta que, quando era criança, os estudos não eram obrigatórios para os artistas circenses. A maior parte de seu tempo, então, era usado em treinos e apresentações para se tornar um artista de circo.
Apesar de não ter estudado, Athos incentiva todas as crianças do circo a frequentarem a escola e cumprirem com todas as obrigações estudantis. Por causa de seus incentivos, um de seus cinco filhos é bacharel e atualmente mora em Nova Iorque.
A qualidade de ensino e as matérias mudam muito de uma escola para outra. Kevyn Krateyl, de 19 anos, está no terceiro ano e - ao contrário da maioria dos artistas circenses - focou os estudos em uma mesma escola durante o Ensino Médio. Durante a semana, ele mora em Campo Limpo Paulista e estuda no Colégio Objetivo. Aos finais de semana, acompanha o circo e treina um número de arco e flecha.

Kevyn comenta que já teve várias brigas com a mãe, que faz os truques de mágica no palco,
por conta dos estudos. “Ela quer que eu faça faculdade, mas eu não quero nem terminar o Ensino Médio. Eu não vejo necessidade disso, eu já sei o que quero fazer da minha vida: quero ficar com o circo, onde ele estiver”, diz o filho de Beto Pinheiro, dono do circo Di Napoli.
Assim como Athos, Mauro Rogério Santiago, que trabalha no circo como acrobata há mais de 40 anos, também incentiva os dois filhos a estudarem. Enquanto é criança, o menino de dois anos fica com ele e a esposa no circo. Já a filha mais velha, escolheu outro caminho: se casou e deixou a vida no circo para estudar e fazer faculdade. “Eu dei essa opção para ela, ou você fica e faz faculdade ou vive a vida no circo, junto comigo. Ela escolheu ficar com os avós e estudar. Eu sinto falta dela aqui, mas ela escolheu essa vida. Fico muito feliz por ela, embora sinta saudades”, afirma Mauro.
O QUE DIZ A LEI?
Existe uma lei que obriga escolas públicas e particulares a garantirem vagas aos filhos de profissionais que exerçam atividades no picadeiro. A medida foi prevista no Projeto de Lei 3543/12 do Deputado Federal Tiririca (PR-SP) e aprovada em 2012. A lei se aplica para crianças e adolescentes entre 04 e 17 anos, que deverão ser matriculadas na série correspondente à sua idade. A instituição deverá ser responsável por oferecer aulas de reforço de atividades complementares, caso seja necessário.



Gustavo, filho do Marlon, mostrando como ele faz quando se transforma em Panquequinha.

A escola e o
picadeiro
A criança que nasce no circo está sempre atenta ao que acontece atrás do picadeiro e aprende, com os pais, a desenvolver seus talentos artísticos. Mas, será que existe alguma lei que permita seu trabalho nos espetáculos?
Vem que a gente te conta!
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CIRQUE DU SOLEI


RESPEITÁVEL PÚBLICO




William Paz
Beatriz Vaccari
William começou na arte aos 17 anos, em São Bernardo do Campo, no ABC
Paulista, em São Paulo. A vida do acrobata foi marcada por desmotivações,
muito esforço e uma lesão no pé esquerdo que o fez acreditar que talvez fosse
a hora de desistir da carreira circense.
Enfrentando preconceitos e abrindo mão da renda fixa em uma indústria têxtil,
o artista passou a ter uma rotina de muito treino e aulas. Com experiências na
televisão, no programa The X Factor, viagens para o exterior para apresentações
e alunos que hoje viajam o mundo para mostrar suas artes, atualmente William tem
25 anos e trabalha em um hotel da Tunísia, participando de espetáculos para
os hóspedes.
Como começou sua história com o circo?
No teatro quando eu era pequeno, porque eu vi a minha irmã dançando
e me deu vontade de fazer algo artístico. Eu fiz oito anos de teatro e no
fim do curso, uma amiga me falou que tinha um corpo bom para tentar
fazer circo. Fui ver como eram as aulas e iniciei no CAJUV (Coordenadoria
de Ações para a Juventude), em São Bernardo do Campo, com 17 anos.
Nunca mais parei.
As pessoas ao seu redor apoiaram essa decisão?
No passado fui muito desacreditado no trabalho. Ninguém acredita que com circo você vai ter uma vida legal, nem mesmo com família, amigos. Eu trabalhava numa indústria e estudava no colégio, e quando dizia que ia viver do circo, me perguntavam se eu tinha um plano B. me tentaram desmotivar. O pessoal tem uma visão muito banalizada quando você diz que trabalha com circo, pergunta se você é malabarista de farol, se vive de esmola, mas não, eu vivo de arte.
Como foi conciliar a rotina de trabalho e estudos com o circo?
Foi bem difícil no começo, eu tinha que achar um espaço na rotina para fazer as aulas e treinar, mas quando você quer você vai atrás e consegue. Passei a viver de aulas, shows e eventos. Foi bem legal, consegui conciliar estudo, arte e trabalho de uma maneira que vivo feliz.
Em algum momento você achou que teria que desistir?
Eu lesionei a minha perna esquerda, no quadríceps em um movimento de alongamento enquanto eu tentava fazer um espacate, e isso me bateu um medo muito forte. Minha perna inflamou e tive que depender de relaxantes musculares e antiinflamatórios durante duas semanas. Eu estava vivendo de circo, da arte, saí do meu emprego. Com a arte, eu conseguia passar mais tempo com a minha família. Quando eu lesionei, falei “e agora? Como vou dar aula? Como vou me apresentar?”, procurei um novo caminho e foi aí que comecei a estudar mágica, malabares, perna de pau, pirofagia. E aí comecei a enxergar com outros olhos que eu teria outras oportunidades de fazer esses eventos, dar aulas.


Quando você começou, esperava que chegaria onde está hoje?
Foi mais por hobby no início, porque eu queria seguir na carreira de teatro, mas uma pessoa me desafiou dizendo que homem não fica no circo e quis provar que isso era errado. Sempre fui muito engraçado com a questão do corpo, então no meu primeiro dia de aula, fui subir em um dos aparelhos e caí porque fui muito lógico, todo mundo deu risada, mas eu falei pra mim mesmo que não ia desistir. Com o tempo eu comecei a tomar gosto, comecei a me divertir mais e levar para o lado profissional, treinando mais tempo, em casa. Agora estou em outro país, sem esperar por isso, podendo levar a minha arte para outros lugares. Nunca esperei ou pensei que ia sair do país, que ia fazer lona, trabalhar em hotel, shows de mágica e malabares. Sou muito grato por tudo isso, é muito lindo fazer o que gosta e ter pessoas brasileiras, alemãs, russas reconhecendo seu trabalho.
Essa é a sua primeira vez fora do país com o circo?
Já fui para a Turquia, para um campo de treinamento circense, hoje estou na Tunísia. Não esperava vir pra cá porque o meu primeiro contato era ir pra Grécia, mas acabou trocando de última hora no campo de treinamento e acabei vindo para cá. Eu não sabia o que eu ia encontrar, acabei vindo para uma ilha pequena que não tem tanta coisa para fazer, mas é linda, tem vários monumentos históricos.




Dos sonhos de crianca
aos grandes palcos
s


Como é a relação com uma cultura diferente da nossa?
A comunicação é toda em inglês mesmo com a maior parte dos hóspedes sendo alemães e franceses.
Quais experiências foram mais marcantes?
Um deles foi ganhar um convite do Cirque du Soleil, para um show no Parque Villa Lobos. Outro momento foi quando eu estava andando na Turquia, parei por um segundo e olhei ao redor, pensei que estava fora do país, fazendo o que amo, fazendo o que escolhi, perto de pessoas que amam o que fazem, que vivem de arte e deu um flash de muita coisa boa vindo. Nesse dia, parei numa praça e comecei a brincar com malabares, as pessoas foram chegando e quando eu vi, estavam me aplaudindo e me abraçando. No dia seguinte, as crianças me pediram para fazer mágica e juntou um monte de gente. Também tive oportunidades na TV.
E como foi essa experiência aparecer na televisão?
A primeira foi uma indicação, eu não esperava, mas um rapaz me ligou
para gravar The X Factor na Mooca, de perna de pau e foi muito divertido.
Eu fui muito bem recebido e muito bem tratado. A partir disso, outras
oportunidades surgiram, com elas,um teste de fazer uma propaganda
para a TIM.
Quais conselhos você daria para quem gostaria de
seguir a vida no circo?
A pessoa tem que se dedicar muito, realmente querer isso. Têm as
dificuldades, não vou mentir, de vez em quando a gente pensa em desistir.
Tem que treinar sempre, aprendendo uma coisa nova, porque a arte nunca
para, sempre tem alguém para te ensinar e você aprender mais coisas,
passar para outras pessoas. De vez em quando a gente está cansado da rotina,
mas tem que ir, levantar a cabeça e não desistir. Hoje é difícil, mas amanhã
não vai ser. Hoje você tá triste, mas você pode fazer alguém feliz. Você pode
ir longe, o circo pode te levar a lugares incríveis.
Como é a relação com a sua família hoje?
É muito boa, eles sempre me ajudaram. Eu ligo para a minha família
todo sábado porque é meu dia de folga, mas nos falamos por
mensagens todos os dias.
Quais são seus planos para o futuro?
Pretendo enviar meus materiais para uma escola na Bélgica, se me aceitarem, vou cursar arte circense lá. Se não, vou voltar para a Tunísia em Fevereiro, trabalhar por mais oito meses, voltar para o Brasil e tentar de novo a vaga na Bélgica.



leis de
incentivo

Uma arte milenar, que faz parte da cultura do país e do mundo, mas muitas vezes parece esquecida pela sociedade. Os artistas circenses enfrentam diversas dificuldades para atrair o público, renovar os materiais e até para encontrar lugares para montar o picadeiro, entenda como as leis de incentivo podem ajudar a manter o circo vivo.



Beatriz Vaccari
Debaixo do teto do CAJUV (Coordenadoria de Ações para a Juventude), em São Bernardo do Campo, todos são artistas. Crianças, jovens e adultos das mais variadas idades podem sonhar e sentirem-se em espetáculos de circo, criando o próprio palco e exibindo habilidades como malabarismos, tecidos esvoaçantes e equilibrando-se sobre as próprias mãos.
A oficina é oferecida gratuitamente nas dependências do espaço localizado no centro da cidade do ABC Paulista. Os professores ensinam movimentos circenses tanto aéreos quanto térreos para os alunos interessados em aprender a arte, praticar atividade física e fazer novos amigos.
Fernanda Paes conta que por ser filha única, sentia-se muito sozinha quando era mais jovem, sua alternativa para ter um pouco de lazer e conhecer novas pessoas foi frequentar as aulas oferecidas pelo CAJUV. “Não tinha muitos amigos, eu tinha acabado de me mudar de cidade e de escola”, relembra a publicitária de 23 anos, “lá eu conheci muita gente, criei disciplina, coragem e motivação. Sinto muita falta daquela fase.”
“Cursei circo durante três anos” continua a ex-aluna do CAJUV “lá se inspiram muito no Cirque du Soleil,
e não no circo convencional. A turma acaba aprendendo muitos movimentos interessantes.”
“O circo é onde as pessoas descobrem quem querem ser”, conta a professora de circo do espaço
CAJUV, Thaís Ventorini de Morais, de 23 anos. “Além de ser uma atividade física e uma arte,
envolve teatro, cultura, dança. Ter essa arte disponível e acessível para pessoas de baixa renda
é necessário.”
“Eu tenho alunos desde os 2 até os 65 anos”, comenta Thaís. “As aulas são no período da
manhã e da tarde, além de totalmente gratuitas. Basta força de vontade.”
Para a psicopedagoga Tereza Cristina de Carvalho, de 56 anos, a prática de atividades circenses
trabalha o desenvolvimento da parte motora, consciência corporal, concentração e força física.
Quanto a parte social, a superação de medos e inseguranças e o trabalho em grupo são elevados.
“O circo melhora a vida de crianças e jovens no desenvolvimento global, envolve tanto aspectos internos quanto externos”, comenta a especialista.

CIRCO: UMA ARTE
PARA TODOS

Os idealizadores
Conheça os estudantes de jornalismo da Universidade Metodista de São Paulo que criaram esse projeto.

Denise Primavera
Acredita que todo ser humano do mundo deveria ter um gato. Ama fazer os limites do impossível no Photoshop e se sente um máximo com uma câmera na mão. Apesar da correria do dia a dia, não trocaria nada por um cobertor, pipoca e o Netflix. Seu grande sonho é em um dia trabalhar nos estúdios da Disney.
Foi responsável por toda a edição e criação do site.

Arthur Roman
Um jornalista que luta para que a sociedade reconstrua sua Ética. Filho de educadores, têm as raízes fincadas na educomunicação e no jornalismo ambiental. Amante da poesia, das artes e da natureza. Amigo das árvores e dos animais. Que vive na constante busca de reconectar o mundo a sua essência natural.

Barbara Caetano
Uma pequena mulher que encontrou no jornalismo a chance de contar histórias que a sociedade precisa ouvir e contestar as injustiças. Corinthiana e viajante, daquelas chatas que passam dias nos museus das cidades. Cozinhar é seu calmante natural. Sonha alto, tão alto que os sonhos até se realizam depois de muito esforço.

Tayla Sanchez
Perdidamente apaixonada pelo mar, ama os animais e conversa com eles como se fosse gente. Amante de uma roda de amigos, cercada de cerveja gelada e muitas risadas. Das três coisas que precisa fazer para se sentir uma pessoa completa, Tayla já publicou um livro, está escrevendo o segundo, já plantou várias árvores e o filho... bom, melhor não pensar muito nisso.

Raissa Ribeiro
São bernardense que tenta ser youtuber e blogueirinha nas horas vagas. Além de sonhar (muito), ama projetos sociais, quer viajar o mundo levando pessoas em uma Kombi verde água. Quer seguir carreira criando documentários que contem histórias envolventes sobre pessoas. É criativa, gosta de inventar coisas e de levar uma vida distribuindo sorrisos por aí.

Jackeline Matos
Mãe do Miguel, um bebê maravilhoso. Estudante de jornalismo e apaixonada pelo lado investigativo da profissão. Seu avô foi radialista de uma cidade no interior da Bahia e dizia que seu sonho era ter uma neta jornalista, aí juntou o sonho do avô e o amor pelo jornalismo investigativo e ela se jogou nesse mundo da comunicação.

Nielly Nunes
Sagitariana indomada. Sim, acredita em horóscopo mas não é dessas loucas dos signos, só acha que faz algum sentido e curte ler. Adora literatura estrangeira, sobretudo sobre mulheres e seus universos.
Também gosta de maratonar séries e descobrir músicas e artistas novos. É um pouquinho complicada de lidar mas, se tiver paciência, dá tudo certo ;)
